Tita, Pâmela, Carol e Lalá: seres humanos especiais e com habilidades diferenciadas

Competentes, disciplinadas, verdadeiras, humildes. Mas guerreiras. Cada uma com características próprias, com suas especificidades. Conquistam vitórias, mas sofrem derrotas. Todavia, para a professora de Educação Física Josivânia Teixeira, de 28 anos, pessoas normais. Assim são Tita, Pâmela, Carol e Lalá.

Nesta quarta-feira, 21, Dia Internacional da Síndrome de Down, o São Carlos Agora foi até a ACORDE (Associação de Capacitação, Orientação e Desenvolvimento do Excepcional) para uma reportagem especial.

Conhecer mais um pouco do importante trabalho da entidade que assiste 63 pessoas com deficiências de ambos os sexos e com as mais variadas idades e bater um papo com quatro jovens com Síndrome de Down. Todas com dons especiais e que são motivos de orgulho para seus familiares.

A ENTREVISTA

Logo na chegada, a reportagem do SCA foi recebida com abraços, gestos de carinhos e beijos de todas. Simpatia e sorrisos somente pela visita. Mas quando tomaram conhecimento que seriam as atrizes principais da matéria, reações diferentes. Felicidade, timidez, vergonha, mas dispostas.

Cadeiras puxadas, Josivânia do lado direito. Lalá, no esquerdo. Carol, Tita e Pâmela à frente.

Inicialmente, nome completo, idade e quais os dons. Ana Caiari Ferreira Domingues, 27 anos, Tita, foi a primeira: trabalha como assistente na Câmara Municipal de São Carlos; Depois, Pâmela Ferreira Chaves, 23 anos, adora desafios diferentes e sempre pronta para divertimentos; Carol Fernanda Peixe, 38 anos, é poetisa e adora música. Mas gosta mesmo é de tocar instrumentos musicais, como teclado, pandeiro, gaita, flauta e violão. Já Graziele Claudino Pereira, 23 anos, Lalá, é karateca e tem aulas na Associação Wada com o professor Adriano Wada.

Durante o bate papo com o esperto quarteto, muitas curiosidades. Carol diz ser fã de Dudu Nobre e não é simpatizante de funk. “Minha preferência é música sertaneja mesmo. Gosto de cantar”.

Já a irrequieta Lalá é karateca e como diz, “com muito orgulho”. “Já disputei bastante campeonatos e ganhei muitas medalhas”, afirmou com um sorriso no rosto.

Tita é a mais quieta, mas sempre sorridente. Há dois anos trabalha na Câmara Municipal, onde é assistente. “Lá conheço mais pessoas e faço amizades”, diz.

SOCIALIZAÇÃO, INCLUSÃO, APRENDIZADO

Josivânia ficou ao lado de Tita, Carol, Lalá e Pâmela durante a entrevista e ajudou a contar as aventuras diárias de suas alunas. “Na Acorde elas não só aprendem. Ensinam também. Mas nossa preocupação é que exista a socialização, a inclusão social, aprendizado e a sensibilização da comunidade quanto as pessoas com deficiências”.

“A Acorde faz tudo o que está ao alcance, com aulas de segunda-feira a sexta-feira. Procuramos dar amor, carinho e um respeito mútuo. Trabalhamos a habilidade de cada um, através da AVD (Atividade de Vida Diária). Passamos ensinamentos sobre higiene pessoal, trabalhos domésticos, além da reabilitação através da Fisioterapia e atividades de condicionamento com professores de Educação Física. A meta é fazer com nenhum assistido tenha vida sedentária”, comentou Josivânia.

Segundo ela, todos os assistidos tem ainda café da manhã, almoço e lanche da tarde e toda a alimentação é acompanhada por nutricionistas.

“Todos possuem ainda atividades psicológicas, pedagógicas e psicopedagógicas. Há casos que pessoas com deficiências necessitam ainda de fonoaudiólogas e uma educação especial. Procuramos ainda alfabetizar nossos assistidos e fazer com todos aprendam a rotina do dia-a-dia”, comentou.

PESSOAS NORMAIS

Indagada sobre uma definição das quatro entrevistadas pelo São Carlos Agora, Josivânia respondeu de bate-pronto. “São pessoas normais, como nós. Apenas tem suas especificidades, características próprias. Mas são disciplinadas, guerreiras”, garantiu. “Quando elas se propõe a fazer algo, cumprem. Se esforçam até aprender”, garantiu. “São geniosas, características próprias”, emendou.

SEGUNDO LAR

No final da reportagem, foi a vez do SCA pedir para que elas definissem qual o significado da Acorde em suas vidas. Rapidamente Carol pediu a palavra e foi a porta-voz.

“É nosso segundo lar. Aqui temos amor e muito carinho. Fazemos exercícios e somos livres para cantar, brincar. Temos espaço e nos sentimos bem. Amamos nossas professoras. Aqui somos muito felizes”, finalizou.

O QUE É SÍNDROME DE DOWN?

A síndrome de Down é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais no par 21. Esta modificação genética afeta o desenvolvimento do indivíduo, determinando algumas características físicas e cognitivas. As pessoas com esta alteração devem praticar atividade física para seu bem-estar físico e emocional.

A maioria das pessoas com esta síndrome tem a trissomia 21 simples. Isso significa que um cromossomos extra está presente em todas as células do organismo, devido a um erro na separação dos cromossomos 21 em uma das células dos pais. (Fonte: Fundação Síndrome de Down)

DIREITOS

As pessoas com Síndrome de Down têm o direito de participar plena na sociedade como qualquer um. Portanto, as crianças poderão estudar na rede regular de ensino.

Dia 21 de marco entrou para o calendário de comemorações da ONU.

Estatística: 1 em cada 700 nascimentos (Fonte: Organização National Down Syndrome Society (NDSS)

VIDA INTEGRADA

80 % estudam, sendo 1 em cada 2 em escola comum

95% estudam música

58% praticam esportes

18%usam computador

10% trabalham

8 em cada 10, tem autonomia para realizar atividades corriqueiras do dia a dia.

PONTOS FORTES CARACTERÍSTICOS

Interação social:

A maior parte das crianças com síndrome de Down gosta e aprende na interação social com família e amigos.

Aprendizado visual:

As crianças com síndrome de Down costumam aprender mais facilmente por observação.

Gestos e mímica:

As crianças com trissomia 21 são, muitas vezes, particularmente talentosas com o uso das mãos, rostos e corpo para se comunicarem.

Elas costumam gostar de teatro, dança e movimento quando ficam mais velhas.

Habilidade de leitura:

A leitura é, normalmente, um ponto forte, possivelmente porque é aprendida com ajuda visual. Por conta disso, a leitura é algo que pode ajudar essas crianças no desenvolvimento da linguagem. (Fonte: Down Syndrome UK)

Fonte: Site São Carlos Agora (www.saocarlosagora.com.br)